Oferecer petiscos e agrados da mesa aos pets é uma prática muito comum entre os tutores, mas será que todos os alimentos humanos podem ser oferecidos aos animais?

Com a humanização dos pets, é muito comum que os tutores pensem em compartilhar algumas de suas refeições com seu cachorro ou gato. Porém, existem alguns alimentos humanos que possuem em sua composição substâncias tóxicas aos animais. Essas substâncias podem causar desde distúrbios gastrointestinais até levar ao óbito, dependendo da quantidade ingerida e da sensibilidade do organismo.

Para te ajudar, separamos uma lista de alimentos tóxicos que você pode ter em casa e que não devem ser oferecidos aos seus animais:

1. Uvas e uvas-passas

As uvas e suas passas são alimentos extremamente venenosos para cães. A ingestão de pequenas quantidades já é o suficiente para intoxicar um animal. Os sinais clínicos encontrados após a ingestão normalmente são: vômito, letargia, anorexia, diarreia, dor abdominal, ataxia, fraqueza e, em casos mais graves, podem causar insuficiência renal aguda e óbito.

Ainda não se sabe ao certo qual é a substância tóxica da uva que causa tantos prejuízos, mas acredita-se que seja uma nefrotoxina ou um choque anafilático que leva ao comprometimento dos rins.

A dose que pode atacar os animais é bem pequena, sendo de 2,8g de passas por quilo de peso corporal e 19,6g de uvas frescas por quilo de peso corporal. Ou seja, se um cão comer de 10 a 12 uvas já é suficiente para causar um caso de intoxicação aguda. Embora não existam relatos desta intoxicação em outros animais, tais alimentos devem ser mantidos distantes de gatos.

2. Xilitol

Comumente utilizado como substituto do açúcar em muitos produtos para controle de ingestão de açúcares, o xilitol é um ingrediente encontrado abundantemente em pães, chicletes, gomas de mascar, balas e em algumas frutas como o morango, ameixas e framboesas.

Nos cães, a ingestão desse componente causa uma hiperinsulinemia, que pode acarretar depressão, vômito, ataxia e fraqueza, sendo 0,15g/kg de xilitol o suficiente para causar esses sintomas de 30 a 60 minutos após a ingestão. Neste caso o tratamento é apenas de suporte.

3. Chocolate, chá e café

Não é novidade que o chocolate pode causar toxicidade nos animais, mas na verdade o que causa esse envenenamento são as substâncias teobromina e cafeína – presentes no cacau, no café e alguns chás.

teobromina é uma substância lentamente excretada pelo organismo dos pets, portanto uma vez ingerida, ela possui meia-vida de 18 horas e leva cerca de seis dias para ser eliminada do corpo. A teobromina ainda passa por recirculação entero-hepática, o que resulta em um efeito cumulativo de toxinas. Por conta disso, pequenas doses, mesmo que abaixo do limiar tóxico, podem resultar em óbitos.   

Já a cafeína possui concentração muito pequena em derivados do cacau, sendo a sua eliminação em até 5 horas após a ingestão. Entretanto, as concentrações são importantes em cafés e chás.

Cães que ingeriram 20 mg por quilo de peso corporal de cafeína e teobromina já apresentam sinais clínicos importantes, sendo necessário apenas 4g de cacau em pó por quilo de peso corporal para levar um cão a óbito.

Os sinais clínicos de intoxicação por teobromina ou cafeína são: taquicardia, dificuldade respiratória, hiperatividade, vômito, diarreia, tremores, fraqueza muscular, arritmias cardíacas, convulsões e, em casos mais severos, dano renal, coma e óbito.

Para essa intoxicação não existe nenhum antídoto específico, apenas tratamento sintomático.

Durante a páscoa, os cuidados para manter os pets longe de chocolates é ainda maior. Confira algumas dicas para comemorar a Páscoa com os pets de forma saudável.

4. Cebolas e alhos

Cebolas, cebolinhas e alhos são temperos muito utilizados na culinária dos tutores, e por serem muito saborosos atraem bastante o paladar dos pets. Porém esses ingredientes, tanto crus, cozidos ou desidratados, possuem forte toxicidade para cães e gatos.

Os principais sinais clínicos de intoxicação por esses ingredientes são: mucosas pálidas (como gengivas), taquicardia, taquipneia, letargia e fraqueza. Casos muito graves podem levar a vômitos, diarreia, dores abdominais e óbito. Isso acontece porque a cebola e o alho são capazes de destruir os glóbulos vermelhos do sangue, os eritrócitos, causando danos oxidativos à membrana plasmática destas células, levando à casos de anemia, icterícia e até morte.

As quantidades ingeridas necessárias para causar esse quadro tóxico são relativamente pequenas e de dose dependentes, sendo necessário apenas 5 a 10g por quilo de peso corporal de cebolas frescas para um animal ser envenenado. Os gatos também são extremamente sensíveis a esses ingredientes, e apenas 5g de alho por quilo de peso corporal já é o suficiente para causar toxicidade.

5. Álcool

O álcool, presente em cervejas, vinhos e demais bebidas alcoólicas que podem fazer parte do cotidiano dos proprietários de pet, possui em sua composição o etanol, substância capaz de causar depressão dos sistemas nervoso central e respiratório de cães e gatos. Os sinais clínicos de intoxicação por etanol são: ataxia, redução de reflexos, alteração comportamental, diminuição da frequência respiratória e parada cardíaca. Em casos mais graves pode levar o animal ao óbito.

IMPORTANTE!

Caso você ache que o seu animal ingeriu algum alimento tóxico, é imprescindível acionar o médico-veterinário responsável mais próximo, e iniciar o tratamento dos sintomas o mais rápido possível.

O proprietário nunca deve tentar nenhuma receita caseira. Dependendo do caso, os veterinários possuem alguns protocolos de tratamento, mas nenhum desses casos tem um antídoto específico. Por isso, em caso de ingestão, a agilidade é fundamental.

Para evitar que os animais façam a ingestão indevida destes e de outros alimentos, deve-se manter os pets longe do alcance dos mantimentos humanos e oferecer apenas alimentos formulados de forma balanceada e completa para cães e gatos.

Veja o vídeo com todos os alimentos:

 

REFERÊNCIAS

FEDIAF, 2018 GIANNICO, Amália Turner et al. Alimentos tóxicos para cães e gatos. Em: Colloquium Agrariae. ISSN: 1809-8215. 2014. p. 69-86.

PEREIRA, Aimée Caroline Friesen; SCHERAIBER, Mariana. PRINCIPAIS ALIMENTOS TÓXICOS PARA CÃES E GATOS–ARTIGO DE REVISÃO. REVISTA ELETRÔNICA BIOCIÊNCIAS, BIOTECNOLOGIA E SAÚDE, v. 3, n. 12, p. 43-45, 2015.

WALLER, Stefanie Bressan; CLEFF, Marlete Brum; DE MELLO, João Roberto Braga. INTOXICAÇÃO EM CÃES E GATOS POR ALIMENTOS HUMANOS: O QUE NÃO FORNECER AOS ANIMAIS? REVISTA VETERINÁRIA EM FOCO, v. 11, n. 1, 2013.